Cap. 4 - Faz por ficar bem

Capítulo 4
Faz por ficar bem

*Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip Bip Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip*

O meu telemóvel tocou… e acordou-me. Obrigada a quem quer que seja por me tirar do meu sereno sono. Olhei para o visor. Distingui as palavras «Número desconhecido» e o relógio digital que marcava 08:39h de domingo.
– Porquê? PORQUÊ?! – Ainda mal conseguia abrir os olhos por causa da luz que vinha da janela com as portadas abertas.

*Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip Bip Biiiiiiiiiiiiiiiiiiiiip*.

– O universo odeia-me. – Estiquei o braço para pegar no telemóvel e no movimento atingi o candeeiro e uns livros que estavam em cima da mesinha de cabeceira e que foram direitos para o chão. Quando o alcancei pressionei a tecla de atender e fiquei com vontade de matar quem estivesse no outro lado. – Estou?!
– Oh, bacana, acordei-te? – Era o Doug.
– Doug… podes explicar-me porque raio é que não estás a dormir a esta hora?
– Eu ia dormir agora, Meg. – Só agora? – Mas quis primeiro ligar-te para falar contigo se não depois aqui o Doug ia-se esquecer!
– E então, que se passa? – Mal conseguia abrir os olhos e articular as palavras, só queria despachar aquilo.
– Já não te vejo há muito tempo, branquinha! Desde a semana passada, quando salvaste o Nickzão! – E parece que afinal alguém deu pela minha falta. – Queres juntar-te ao pessoal, hoje há noite?
– Ahm… Hoje? – Possível rota de fuga: a analisar.
– Sim! Às 21h ai em tua casa! Vamos divertir-nos um bocado! Vai ser bacano, o Doug dá-te a sua palavra! – Ele parecia tão… energético, para alguém que se ia deitar quase às 9 da manha. – Vais ver que vais gostar da noite de hoje! E então, que dizes, Meg?
– Ahm… Bem… – Talvez ainda consiga…
– Branquinha, então? Como é? Já não queres sair aqui com o Doug?
– Pronto! Está bem, está bem! Eu vou! – Tudo para poder continuar a dormir …
– Tótil. Fica bem Meg!
– Mas, espera… Em minha casa?!
E desligou. Silêncio. É incrível como o humor de uma pessoa se altera caso se interfira no seu sono. Pena que ele tenha ignorado a minha pergunta. Enfim, depois pensa-se nisso.
– Bem, voltando ao que eu estava a fazer… – Disse, cada vez mais baixo, enquanto voltava a cair no sono.
E, de repente, quando me encontrava naquele estado que não é possível distinguir se é pensamento vivido ou sonho esbatido, senti que estava mais alguém no quarto.
“Até enquanto estou a dormir eles têm que me moer o subconsciente…” e, propositadamente ou não, tentei afastar aquela sensação de mim. Quanto mais usava todas as células do meu corpo para a ignorar, mais perto a sentia. Parecia que quanto mais eu me esforçava, mais forte aquilo ficava. Acho que não foi propositadamente que fiz aquilo, porque passado uns minutos comecei a ficar com náuseas. Subitamente voltei ao meu consciente e saltei da cama, fui em direção a um caixote das mudanças vazio e vomitei lá para dentro. Quando me levantei e olhei em volta senti uma tontura e, ao meter as mãos na cara, reparei que estava com suores frios. Sentei-me na cama a cambalear e de seguida inspirei profundamente vezes seguidas até os meus batimentos cardíacos ficarem estáveis.
– Que raio…? – Tossi violentamente, engasgada com a minha própria saliva. Depois ouvi um risinho sarcástico e percebi tudo. – Tu… Eu sinceramente ainda não sei porque é que fico surpreendida.
– Ninguém te manda tentar evitar-me à força toda.
– Memoriza: Tu vais arrepender-te disto. – Disse-lhe, num tom ameaçador.
– Está bem, quando passares para este lado sentamo-nos e conversamos sobre o assunto. – Ele estava a apreciar bem a situação.
– Acredita que nem vai ser preciso eu passar para esse lado. – E pronto, mais vale passarmos para outro assunto antes que me decida a aprender magia negra ou outra coisa do género. – O que é que queres de mim?
– Companhia! É complicado fazer amigos com o meu… bem, estado físico.
– Então acho que vieste ter com a pessoa errada, porque nós não somos amigos. – Eu não queria ser desagradável, mas…
– Oh, tu ainda me vais agradecer!
– Pronto, é agora que eu te vou passar a ignorar.
E foi o que fingi fazer durante o resto do dia. O Jonas esteve o tempo todo a tentar irritar-me e a falar comigo e a única coisa que eu fiz foi ignorar. Claro que para isso tive que sair de casa, se não os meus pais eram capazes de perceber que algo estava mal. Tirando isso este foi um perfeito dia de teste à minha paciência. E eu passei, com distinção.
Às 21h em ponto, quando me preparava para passar o portão da vivenda onde morava, alguém atrás me mim me chamou.
– Hey, Meg? – Bem, não era a voz do Doug.
Virei-me devagar para encarar quem me chamava. Como estava de costas para a ténue iluminação da rua, apenas conseguia distinguir os traços gerais da sua cara. Quando olhei com mais atenção fiquei surpreendida.
– Nick? O que é que estás aqui a fazer? – É possível que se tenha notado um tom de nervosismo na minha voz, nunca gostei de surpresas.
– Ahm, o Doug pediu-me para te vir buscar. Pensava que te tinha dito. – Ele também estava ligeiramente atrapalhado e, mais uma vez, vislumbrei aquele gesto de levar a mão à nuca. Boa jogada.
– Aquele Doug… – Suspirei. – Vamos lá então.
Caminhamos em silêncio durante algum tempo, apenas deixando o som dos nossos passos e dos carros que passavam a ecoar pelas ruas quase desertas. E eu apreciava aquele silêncio. Não sentia a presença de mais ninguém à nossa volta, parecia que tinham tirado férias, o que era melhor que bom. Mas era também estranho, mesmo que eu não o quisesse admitir a mim mesma. Entretanto, ouvi-o tossir ligeiramente. Porque é que mais ninguém me compreendia?
– Hm… Ouve… – Olhei de lado para ele e vi-o a olhar para baixo. – Sobre a semana passada…
– Faz tudo menos agradecer-me, está bem? – Voltei a dirigir o olhar para a frente quando me apercebi que ele se ia virar.
– Mas… –Ele ficou surpreendido com a minha resposta. Um tanto ou quanto previsível.
– O que eu disse é assim tão difícil de perceber? – Interrompi-o, tentando controlar a minha paciência. – Eu não o fiz por ti, nem pelo Doug. Fi-lo por mim, para o Doug me parar de chatear. – Suspirei. – E não foi nada de mais, fui dar uma volta pela praia e encontrei-te por acaso, pronto.
Ele estacou. Dei mais uns passos e depois também parei. Vire-me para trás e vi-o com um ar abatido.
– Eu vi-a Meg…– Mal consegui perceber o que dizia, falava num murmúrio. – Eu vi a Ruby…
– Hm? Eu nem sei quem é essa tal Ruby. – Levei a mão à anca. – Eu sei que ser deixado é muito mau, mas a vida continua! Encontra outra rapariga e pronto.
– Outra rapariga? – Ele olhou para mim com uma expressão que estava entre a incredulidade e um ataque de riso. – Eu não estou a falar de uma namorada, mas sim da minha irmã mais nova…
– Ah. – Agora foi a minha vez de ficar sem saber o que dizer.
Pela primeira vez em muito tempo senti pena de alguém. O Nick parecia verdadeiramente abalado e não numa forma de tristeza profunda, mas de algo que parecia ser culpa. Engoli em seco, enchi-me de coragem e paciência e fui ter com ele. Fiz o meu sorriso mais reconfortante e, devagar, coloquei-lhe a mão no ombro.
– Eu tenho a certeza que a tua irmã gostava muito de ti e ainda se preocupa contigo, onde quer que ela esteja agora. – Sem reparar, olhei em volta à espera que uma vozinha irritante começasse a falar comigo. – E eu sei do que falo, está bem? Por isso, anima-te que o tempo não vai parar só porque tu não estás bem.
Ele olhava-me nos olhos quando vi uma lágrima a cair-lhe pelo rosto. Para isto eu já não estava preparada, por isso apenas fiquei ali, a olhar para ele. Passado um momento, o Nick passou o braço na cara, para limpar a lágrima que praticamente já tinha desaparecido. Quando o tirou da sua frente esboçou um ligeiro sorriso, mas não tirou os olhos de mim. Talvez isso me tenha levado a dizer mais qualquer coisa, só para encerrar o assunto:
– Faz por ficar bem, deves isso a ti próprio.
– Obrigado, Meg. – Recomeçou a andar, deixando-me surpreendida pela rápida recuperação.
Suspirei. Segui-o e voltamos a cair no mesmo silêncio de antes. Pouco tempo depois reparei que estávamos perto do praia, mais precisamente perto do parque onde tinha conhecido o Doug.

-------------
E pronto, de volta! Espero que gostem :3

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH, ok já parei. A tua história é a mais cómica de sempre xD Desde o Doug a falar até a Meg a ser indelicada.
Adorei, continua*-*

Está awesome "Branquela"! O teu sarcasmo mata-me xD Vou admitir que nunca tinha lido a tua história, mas arrependi-me. Vou ler os outros. Quero conhecer o Jonas e o nigga Doug. Obrigado por tentares dar vida ao CW.

Mary: Ahahahah, muito obrigada! Irei continuar :3

Rich: Ainda vais muito a tempo, no worries! De nada, agora também vai começar tudo a postar de novo, é só retomarem as histórias ^^ E obrigada por leres! :3

Já tinha saudades do Doug, que peça. xD

Já me tinha esquecido do mau humor da Meg, Áciiiiida!

Keep going partner.

Yey Tixa, estás de volta!

Ahahah, verdade, a Meg tem um humor muito especial xD
Obrigada, partner! :3