Chapter 10 - Arena

por **Shadow** Ter maio 29, 2012 9:53 am

A areia esvoaçava por todo o lado. Estávamos sentados, encostados a um rochedo que nos protegia da tempestade. Depois de duas semanas, já nos tínhamos habituado às tempestades regulares, embora a areia continuasse a infiltrar-se na roupa, na tenda e acabava mesmo por se instalar na boca. Sempre que comia ou falava ou cuspia, havia sempre alguns grãos da miserável areia algures... Mas, finalmente, chegara o dia de sair dali ou pelo menos daquele acampamento. Iríamos dar início ao plano em que trabalhamos durante duas semanas.
- Primeiro, limpamos a aldeia. Nada de mortes desnecessárias e por favor, não sejam vistos - dizia o Vincent - Depois avançamos para a base deles. Não temos conhecimento da planta da base, nem sabemos o que se passa lá dentro, por isso... se alguma coisa correr mal, matamos as testemunhas e voltámos ao acampamento. Entendido?
Os outros responderam. No entanto, eu vagueava nos meus pensamentos.
"Abstergo Com... os artefactos... Abstergo... os teus poderes... é essencial que os templários não os encontrem..."
- Estás a ouvir, Noctis!?
- Sim...
- Vê se te concentras.
Pegamos nas nossas coisas e deixamos apenas a tenda. Deslocamos-nos durante dois quilómetros e meio de areia e rochedo, bebendo água regularmente, para não desidratarmos. Por fim, avistamos uma pequena aldeia, com casas da mesma cor de tudo o resto naquele deserto.
- Revistem todas as casa... Esta aldeia é uma fachada deles, por isso, pode conter ficheiros importantes. Não sejam vistos... Alguém tem alguma coisa a dizer?
- In dark to serve the light, brothers... - disse, cobrindo a cabeça com o capuz - Até já.
Corri pela areia, afastando-me do resto do grupo. A verdade era que eu estava desejoso de alguma acção. Estivera durante duas semanas sentado a beber agua e a planear este ataque. Raramente nos tínhamos aproximado da aldeia e apenas o fizemos para desenhar um pequeno mapa da mesma. Quando finalmente lá cheguei, encostei-me a uma casa da periferia da aldeia. Espreitei pela janela, havia um homem dentro da casa.
- Tenho de o tirar dali... - pensei, tentando lembrar-me de alguma maneira de invadir a casa sem o homem reparar.
Dei mais uma espreitadela, desta vez pelo canto da casa para ver se a costa estava livre. Os únicos homens que havia estavam bastante longe e tinha quase a certeza que não estavam a pensar em possíveis invasores. Aproximei-me da porta e bati cinco vezes. Voltei à janela e aproximei o pulso do centro da mesma e extraí a lâmina do braço direito, que perfurou a madeira e a fechadura. Rodei o braço e a janela abriu-se. Agachei-me e caminhei cuidadosamente até a porta e apanhei o homem à porta a olhar em volta, procurando a pessoa que tinha batido à porta. Prendi-o com um braço, tapando-lhe a boca para não fazer barulho e espetei-lhe a lâmina na barriga. O seu grito de dor foi abafado. Caiu de joelhos e eu deitei-o no chão, aguentando-lhe o pescoço.
- Diz-me o que se passa aqui e terás uma chance de te redimires - disse-lhe.
- Tu deves ser um dos assassinos! Eles disseram-me que um dias vocês viriam. Não te direi nada, mata-me se quiseres - respondeu o homem, com sotaque do sul.
- Muito bem... - espetei-lhe a lâmina no pescoço desta vez - Let go of your burden. I set you free. - Um fio de sangue escorreu-lhe pelo canto da boca, enquanto tossia, tentando expulsar o sangue das vias respiratórias. Fechei-lhe os olhos e arrastei-o para dentro da casa e deitei-o na sua cama. Fechei a porta e comecei a revistar a casa à procura de alguma pista. Nada, nada de importante. Preparava-me para abandonar a casa quando me surgiu a ideia de revistar o homem. Aproximei-me e notei que tinha uma bolsa, junto à cintura presa por um cinto. Havia algum dinheiro, um telemóvel e um cartão. Retirei o cartão e li "Level 1 Acess Card".
- Isto vai dar jeito - pensei, enquanto colocava o cartão num bolso.
Tirei a tampa e levei o cantil à boca, tomando um pouco de água. Era um bem precioso, quase divino no deserto. Aproximei-me da porta, ainda aberta e chutei algum areia para cobrir o sangue na entrada. Fechei a porta e saí pela janela, fechando-a também. Trepei até ao telhado. Baixei-me, para não ser visto e olhei em volta. Havia uma casa com uma janela aberta e era uma que me cabia a mim revistar. Peguei numa pedra e atirei lá para dentro. Não houve resposta. Atirei outra só para ter a certeza e certifiquei-me de atirar com força, para fazer algum ruído, mas continuei sem resposta. Corri e pulei do telhado e agarrei-me no telhado a outra casa, deixei o corpo ir deslizando devagar até sentir a janela e depois entrei na casa. Abri todas as gavetas e armários, procurei debaixo da cama, em todo o lado e não encontrei nada de útil. Entretanto, ouvi um barulho vindo da porta. Alguém estava a entrar. Fechei a gaveta em que estava a vasculhar e corri para a janela. Agarrei-me à varandim e deixei o resto do meu e deixei o resto do meu corpo cair, aguentando-me apenas com a força dos braços.
- Então hoje chega o material? - disse um homem.
- Sim, ouvi qualquer coisa sobre ser algo para os cientistas no nível 3 - respondeu um outro homem, com a voz mais grossa.
- Só tenho cartão de acesso até ao nível 2. Vou ter um turno de rondas lá, hoje. Vou ver se consigo ver o que é, quando o estiverem a levar para o 3.
- Se descobrires alguma coisa, diz-me. For the father of understanding.
O outro homem retribuiu-lhe a mesma frase e o outro saiu. Esforcei-me para voltar a subir, entrei novamente na casa. O outro homem estava no piso de baixo mas tinha deixado uma bolsa, na secretária. Aproximei-me e peguei no cartão de acesso ao nível dois.Voltei a sair pela janela e trepei até ao telhado. Deitei-me e peguei no pager. Enviei uma mensagem ao Vincent.
"Encontrei dois cartões de acesso, nível 1 e 2. O que é que já encontraram?"
Pouco depois, recebi a resposta.
"Muito bem... Consegui que dois homens falassem das rondas que fazem e um horário, e já sei onde estão, em que zonas e a que horas. E ouvi falar sobre um material qualquer que chegava hoje. Sabes alguma coisa?"
Apressei-me a escrever a resposta.
"Sim, ouvi um dos homens a dizer que o tal material ia ser transportado para o nível 3, para uns cientistas..."
"Boa, já sabemos qualquer coisa... Podemos tentar interceptar o dito material mais tarde. Continua a procurar por informações..."
Continuei a minha busca por informação de casa em casa, mas sem sucesso. À medida que avançava na aldeia, comecei a notar alguns guardas armados com metralhadoras. Quando falavam uns com os outros, tinham um sotaque mexicano, ao contrário dos outros com sotaque sulista. Recebi outra mensagem, desta vez do Zack.
" Cuidado com esses gajos aí... Não estão aqui por vontade própria, mas irão lutar de qualquer maneira. Descobri que foram obrigados a vir para aqui, para que não lhes matassem as famílias."
Olhei em volta e vi-o a dois quarteirões de distância num telhado. Esperamos pela mensagem do Vincent a ordenar que nos reuníssemos. Ele tinha sido nomeado o líder do grupo pelo meu tio. Fui a correr, pulando de telhado em telhado até ao ponto de encontro. Estavam lá todos, o Zack, a Bellatrice, o Vossler e o Vincent.
- Good...job - disse o Vincent - Até agora obtivemos uns quantos cartões do nível um, dois do nível dois, um horário das rondas e sabemos que chega qualquer coisa importante hoje. Vamos entrar lá e aprender qualquer coisa desta base. Depois, iremos proceder de modo a que o tal material não chegue ao nível três.
- Então vamos lá - disse o Zacl, entusiasmado.
- Calma, só vão duas pessoas lá dentro - respondeu-lhe Vincent, friamente - Apenas quem tem os cartões do segundo nível.
- O quê? Porquê? - questionou o Zack, furioso. Ele não tinha o cartão.
- Primeiro, porque eu sou o boss. Segundo, porque tu não és. Terceiro, porque somos muitos para lá entrar sem sermos vistos. Quarto, porque precisamos de alguém para assegurar que temos a costa livre para sairmos.
- Okay... - resmungou o Zack - Quem é que encontrou os cartões?
- Eu e o Noctis...
- És um grande sacana, Noctis... É a tua primeira grande missão e já tens direito a entrar lá dentro.
- Claro que sim, fratello - Respondi-lhe, com um sorriso na cara.
- Bem, está na altura... Metam-se nas vossas posições. Qualquer pessoa que esteja próximo da entrada da base será eliminada. Quando o dito material estiver a caminho, avisem-nos e deixem-os passar...