Chapter 3 - Fará parte do padrão?

Quando o despertador marcou as 9h da manhã, Violet já estava acordada. Encontrava-se a olhar para o tecto de madeira do quarto, deitada de barriga para cima na cama que não tinha desfeito. Tinha sido uma noite demasiado quente para dormir e por isso só se deu ao trabalho de se deitar em cima da cama, com a janela aberta durante a noite toda. Deixou que a música “Blueside”, dos Rooney, acabasse e só depois se levantou. Comeu qualquer coisa que tirou apressadamente da dispensa e depois foi tomar banho.
A campainha tocou mal ela se acabou de vestir e foi o irmão que abriu a porta.
- Ah, olá Matt. – Saudou ele, com uma voz sonolenta e protegendo os olhos da claridade. – O que é que fazes aqui a esta hora? Tinha-mos combinado alguma coisa?
- Olá Eric. Não, vim ter com a tua irmã. – Respondeu o rapaz.
- Anh? Porquê?
- Ah, nada nada. Vamos só dar uma volta.
- Ok, ok. – Depois virou-se para chamar a irmã. – VIOLET! ESTÁ AQUI O MATT!
- Ei, calma. Eu ainda ouço bem, ok? – Respondeu ela a acabar de descer as escadas de madeira envernizada e revirando os olhos para Eric.
Assim que passou pelo irmão, ele virou as costas e empurrou a porta com força. Acto que assustou a rapariga de cabelo aloirado pelo Sol quente de Julho e que fez até Matt se virar para trás.
- Ufff… sempre o mesmo idiota! – Desabafou Violet, levantando os braços para céu.
- Pois… - Disse o rapaz, sem saber como responder.
No passeio em frente à casa de Violet estava estacionada a famosa Fiat Strada vermelha, com que Matt sempre andava.
- Então e o outro carro? – Perguntou ela, parando à borda do passeio.
- Hm… - Foi a única coisa que disse antes de destrancar o carro e entrar lá para dentro.
Ao ser ignorada a única coisa que podia fazer era entrar também e não dizer mais nada durante a viagem. “Ai quer segredinhos? Pois está bem então!”, pensou ela enquanto se concentrava para ver o que andava na cabeça de Matt. Contudo, não conseguiu ouvir nada. A mente dele fazia lembrar um quarto branco daqueles que existem nas alas de psiquiatria. Concentrou-se ainda mais, chegou ainda a sentir o bater do próprio coração nos ouvidos, mas na cabeça de Matt nada.
Afundou-se no assento a contemplar a sua derrota e quando se fartou do silêncio perturbador ligou o rádio, colocando o volume no máximo. Também reparou que a estação de rádio não era a mesma da noite anterior, já não ouvia alternative rock, mas sim rock comercial. “Mas o que é que se passa contigo?”, pensou, virando-se para ele. Queria ver-lhe os olhos, mas os óculos escuros da G&B não a deixaram. O cabelo estava igual a todos os dias, com o gel a toldar-lhe os movimentos fazendo-o ficar espetado em vários pontos. Vestia uns habituais calções até aos joelhos, naquele dia de cor cinzenta, uma camisa de manga curta preta e, por baixo, uma t’shirt sem mangas branca. O mesmo estilo de sempre. A mesma carrinha de sempre. A mesma condução preocupada de sempre. Mas algo não estava como sempre. Matt não estava animado e sempre a falar, havia algo que o preocupava.
Violet desviou o olhar e focou-se na paisagem que passava constantemente por eles e desaparecia, ficando para trás. As árvores pareciam todas iguais, tal como os fetos e as ervas rasteiras que por ali também havia. Mal se deu conta de chegar finalmente ao local onde tinha deixado o carro na noite passada.
Matt deu a volta na estrada e estacionou atrás do Nissan, no mesmo sítio de há menos de 12 horas atrás. Saíram ambos do carro e dirigiram-se para a frente do outro carro, abrindo depois o capot. O rapaz começou a mexer num monte de cabos, peças e outras coisas. Verificou tudo, com paciência e precisão. Violet não sabia o que é que ele estava a fazer, mas estava bastante concentrado e, vendo bem, havia muita coisa que ela não sabia acerca dele. Quando se cansou de estar de pé entrou para dentro do carro e deitou-se nos bancos de trás, à espera que Matt acabasse de fazer o que quer que aquilo fosse. Por sorte encontrou umas revistas perto do banco e entreteu-se a ler. Quando ele abriu a porta apanhou-a desprevenida, mas rapidamente se recompôs e saiu lá para fora.
- Então, Matt? – Perguntava ela, ansiosa.
- Hm… há um corte num dos cabos que fazem ligação com o motor.
- Um corte? Como assim? O cabo partiu-se?
- Hm… Mais ou menos isso. – Respondeu ele, acabando com a conversa à força toda. – Bem, vou ligar ao reboque. Prepara-te para receber uma conta engraçada do mecânico, acho que a peça que se tem que substituir tem que ser de origem.
- Não te preocupes com isso. Mas eu não cheguei bem a perceber o que é que querias dizer com aquilo. O cabo não se partiu mesmo? – Tentou Violet outra vez.
- Não penses mais nisso, não te serve de nada. – Respondeu Matt, com um ar preocupado que tentava disfarçar. – Que dizes de irmos ao Centro Comercial passear?
Houve um silêncio por parte de Violet.
- Óh, anda lá. Vai ser divertido. – Disse-lhe, pegando-lhe na mão e começando a puxa-la devagar.
- Está bem… - Respondeu ela, sentindo-se convencida pelo rapaz.
- Sou mesmo incrível! – Disse Matt a rir-se e a fazer Violet rir-se também.
Foram até ao Shopping Center, depois de o reboque aparecer e levar o carro de Violet.
- Vai um gelado? – Perguntou-lhe Matt.
- Pode ser! - Respondeu Violet. – Mas desta vez pago eu.
- Está bem, está bem. – Mentiu o rapaz, olhando para o lado.
Passeavam pelo Shopping Center quando uma loja lhes chamou a atenção. Na montra principal tinham 5 plasmas, todos de marcas diferentes mas no mesmo canal. Pararam em frente a eles e ficaram a ver a notícia que passava. Mas não eram só eles tinham ficado presos àquilo, as pessoas começavam-se a juntar ali para ver aquilo que estava a ser anunciado como “ÚLTIMA HORA: NOTÍCIA CHOCANTE”.
Em todos os plasmas começavam a passar imagens de uma cena do crime, ali na Califórnia. Viam-se as fitas amarelas a estabelecer um perímetro de segurança no alcatrão e conseguia ver-se parcialmente a estrada onde aquilo se passava, alguns riscos brancos no chão, muita polícia e ainda mais repórteres. Ao fundo das imagens via-se também uma carrinha preta com as portas de trás abertas de o que pareciam ser dois técnicos forenses e um médico legista perto de uma maca que transportava um saco preto volumoso. Era obvio o que ia lá dentro.
“Pede-se a toda a população que se mantenha atenta a qualquer comportamento ou actividade suspeita. A polícia ainda está a trabalhar no caso para apurar quais as causas da morte e procura construir um perfil do homicida, apenas se sabe que existem marcas de pneus perto da vítima que se encontra mutilada, mas não há sangue no local o que leva a crer que ela não foi morta neste local. Estes factos mostram-se idênticos a mais 3 casos de corpos encontrados em estradas secundárias no estado da Califórnia. Não perca a edição da tarde onde mostraremos mais desenvolvimentos deste caso.”, era o que dizia a reporter no local.
- Wow… Deveras esquisito… - Comentou Violet. – Percebes-te onde é que aquilo tinha sido?
- Não, mas espero que seja bem longe daqui. – Respondeu-lhe Matt, com um ar preocupado.
- Matt, está tudo bem?
- Hm… Sim, está. Porque é que não haveria de estar?
- Por nada… mas estás esquisito, não negues isso. – Disse-lhe ela, examinando-o.
- Estás a ver coisas onde elas não existem. – E recomeçou a andar.
“Será mesmo assim Matthew Parker? Deixa cá ver se a tua mente continua tão vazia…”, pensou Violet enquanto se esforçava por encontrar aquilo que procurava na cabeça do rapaz.
“O único problema… é que se calhar sou eu que estou a ver coisas onde elas não existem. Mas aquele corte… o carro é demasiado novo para ter sido desgaste e mesmo que já viesse assim é demasiado limpo e perfeito para ser coincidência… Ainda devo conseguir passar pela oficina hoje.”
- Heeeey! Abranda o passo Matt! – Gritou-lhe a rapariga ao mesmo tempo que toda a gente parava e olhava para eles. – Ahm… Vamos falar lá para fora.
- O que é que se passa? – Perguntou, quando saíram do edifício.
- “O corte é demasiado limpo e perfeito para ser coincidência”? Podes-me explicar o significado disto?
- Enhm… não é que eu seja um expert nisto mas… wow, espera ai… Eu nunca te disse isso. – Disse Matt, erguendo a sobrancelha.
- Claro que disseste!
- Não, não disse! Eu nunca te diria uma coisa que te fosse preocupar, principalmente se não tenho a certeza…
- Hmm… Leitura de lábios? – Mentiu ela, mostrando-lhe um sorriso do tipo “ups, já fiz merda, por favor não repares!”.
- Tens a noção que isso foi esquisito, não tens? E contares-me a verdade?
- E contares-me o que se passou com o teu carro de ontem? E explicares-me a “misteriosidade” toda de ontem à noite?
Matt meteu as mãos na cabeça e virou-se de costas ao mesmo tempo que produzia um *Ufff….* ao assoprar.
- Justo. – Disse ele, voltando-se de novo. – Não é nada de mais… Apenas acho que o corte é… suspeito… e com aquela notícia que vimos há bocado fiquei um bocado preocupado, mas de certeza que não é nada.
- Hm… - Foi o único som que Violet conseguiu produzir, após ter entrado num ligeiro estado de apatia.
- Óh, vá lá! Não és pessoa de ficares assim… Hoje vamos é passar o dia todo aqui! Que dizes de irmos ver um filme? – Tentou animar Matt, mexendo-lhe no cabelo com as pontas dos dedos.
- Mesmo que eu diga que não tu vais-me obrigar, não é? – Respondeu, tentando mostrar um sorriso.
- Algo desse género, sim. – Disse-lhe sorrindo e puxando-a de novo para dentro do Shopping Center.


Na esplanada onde Matt e Violet se encontravam a conversar estava também uma rapariga de cabelo escuro apanhado com um chapéu de palha largo a ocupar uma das cadeiras e mesa vazias, de costas para eles. A sua presença mal foi notada talvez dada a preocupação dos dois jovens ou então pelo sol que lhe batia no top branco e provocava um reflexo incomodativo aos olhos de toda a gente. Quando os dois se foram embora ela começou a escrever uma mensagem no telemóvel.

Tão tu, gosto muito :3
Estás-me a irritar profundamente, quando é que eles se vão enrolar? Se é que o vão fazer.. :c
Bom filler, keep going! C:

espectacular, Ritta :3
o teu melhor filler até agora...
e cá para mim, o Matt é responsável pelas mortes misteriosas... e quem será essa bitch ? xD

keep going ^^

Estou muito curioso para saber quem é a gaja xD
Btw, cá para mim o Matt é responsável pelas mortes.
Adorei o filler Continua