Cap. 3 - Não é minha responsabilidade

– Oh, vá lá, admite… – Sussurrou-me ele ao ouvido de forma sedutora. – Tu até estás a começar a gostar de mim.
– Por acaso não queres que eu me afaste um bocadinho? – Disse, fingindo uma cara de preocupação. – Para o teu ego caber todo aqui? Queres?
– Ha-ha… - Ele parecia desiludido. – Não, não é preciso. Sabes, ele coube perfeitamente na cozinha daquele bar ali ao fundo, exatamente entre uma prancha de surf e um lavatório!
– Se tu queres dizer alguma coisa, diz logo… Pára de andar com joguinhos para a frente e para trás. – Subitamente retraí-me.
– Óh… Mas assim não tem piada! – Ele parecia estar a desfrutar do que quer que fosse que andasse a fazer.
– Assombração de xilofone, é assim, ou dizes o que tens a dizer ou vais-te embora. – A minha paciência acabou de chegar ao seu limite. – Capiche?
– Hm… Sendo assim… – Ele calou-se. Será que estava a ponderar dizer-me? – Não, se eu te dissesse deixava de ter piada. Ficamos assim, então.
E desapareceu. Aquela sensação incomodativa que eu não sabia explicar, desapareceu. Para onde é que ele foi agora? Mas bom, ele não se há-de divertir durante muito mais tempo.
– Por favor! Tens que ajudar o Nicholas! – Eu reconhecia aquela voz, era de uma criança. Parecia-me a mesma que não me largou enquanto não ajudei o gato que tinha sido atropelado. – Por favor! Tudo menos o Nicholas! Eu prometo que me vou embora depois!
A rapariga já estava a chorar. Falava comigo entre soluços que tentava esconder.
– Hei, calma. Eu conheço-te… És a miúda do gato, não és? E quem é o Nicholas? – Perguntei.
– Por favor! Depressa, ele está muito mal! Está ao pé de uma arriba que fica um bocadinho longe daqui! Tem um placar de madeira que tem um anúncio de venda de apartamentos! Por favor!
Quase que a sentia a tentar puxar-me o braço e a arrastar-me para onde me queria levar. Ela emanava tristeza e preocupação profunda que eu quase sentia como se viesse de mim.
– Tens que te despachar! O menino mau não me quer aqui! Ele é forte! – Não sei porquê, mas a voz dela parecia estar a afastar-se de mim. Cada vez parecia mais distante. – Por favor!
Até que desapareceu por completo. Esta noite está a ser, sem dúvida, interessante. Já não presenciava tanta ação desde que estivera no cemitério durante o funeral da minha prima.
– Mas que rapaz? – Lá estou eu a falar para ninguém. – Pronto, tudo bem então… Mas que não façam disto uma rotina! – Ufff. Só a mim…
Fui ter com o Doug que entretanto já estava com metade do tronco dentro de água, a gritar a plenos pulmões pelo Nick.
– NICK! ONDE ESTÁS?! – Não tenho a certeza de que ele via realmente alguma coisa naquela vastidão negra, mas não tinha aspeto de quem ia desistir. – NIIIICK!
– Doug… – Agarrei-lhe o braço. – Por causa da corrente da água ele se calhar foi dar a outro lado da praia. O melhor era procurarmos por outros lados.
– Meg, aqui o Doug não pode perder o Nick... – Ele estava mesmo preocupado. – Temos que o encontrar, branquinha!
– Claro, Doug. Nós vamos encontra-lo.
– Mas não podemos chamar a polícia. Isto não é propriamente legal por estes lados, branquinha.
– A polícia não vai saber. – Olhei em volta, estavam todos a olhar para nós ali, no meio da água. – Chama alguns dos teus amigos e vão por aquele lado. – Apontei para a nossa esquerda. – Eu vou pelo outro.
– Está bem, Meg. Também podes levar alguns amigos do Doug, eles são bacanos! – Ele estava a preparar-se para chamar alguém que viesse comigo, mas eu interrompi-o.
– Não! Ahm... não é preciso, eu fico bem. – Virei-lhe costas e comecei logo a andar.
Depois de passar pelo bar a iluminação desapareceu quase por completo. Tirei um isqueiro, com o qual andava sempre, do bolso dos calções e tentei iluminar minimamente o meu caminho. Mais à frente encontrei um ramo grande que devia ter vindo com mais um resto de outras coisas do mar. Por acaso estava seco, por isso peguei-lhe fogo na ponta.
– Vá lá, ao menos agora já se vê alguma coisa. – Disse para mim mesma.
– Por favor! Ele está lá à frente! – A voz da miúda apareceu tão inesperadamente como desapareceu.
– Mundo de doidos… – Disse baixo, abanando a cabeça.
– Depressa! Ajuda o Nicholas! Por favor! – Subitamente ouvi um grito e deixei de a sentir mais.
Continuei a andar, mas nem a urgência na voz dela me fazia acelerar o passo. Porque o haveria de fazer? Não era minha responsabilidade. Eu nem sabia de quem é que ela estava a falar. Vá, se calhar fazia uma ideia. Só podia ser o Nick. Mas quem era a miúda? E como é que o conhecia? Ele era demasiado novo para já ter uma filha… Ui, só mistério.
Uns passos mais à frente consegui distinguir vagamente a figura de alguém deitado perto da água. O tronco que tinha apanhado estava cada vez mais pequeno, mas provavelmente ainda chegaria para voltar.
Quando cheguei perto do corpo, passei-lhe a tocha improvisada por cima para ter a certeza que não era apenas um vagabundo qualquer. Apesar de ter a cara meia enterrada na areia conclui que era o Nick, pois tinha um daqueles fatos que os surfistas usavam.
Espetei a tocha na areia e ajoelhei-me ao lado dele. Virei-lhe o corpo para cima e comecei a dar-lhe pequenos estalos na cara.
– Hei, Nick! Acorda! Hei! Mas hoje! – Comecei a esbofeteá-lo com mais força. – Anda lá! Ou acordas assim ou simplesmente não acordas, não sou nadadora-salvadora! Hei, Nick!
A sensação de mal-estar voltou uma vez mais e eu soube logo o que vinha com ela também.
– Não me chateeis, assombração de xilofone. Não vês que estou a tentar fazer uma boa ação? – Revirei os olhos.
– Quando é que vais parar de me chamar assombração de xilofone?
– Ai, que sensíveis que andamos. Se me arranjares outro nome para te chamar e se eu gostar dele, eu paro de te chamar isso. – Olha para mim a ser simpática.
– Jonas, chamo-me Jonas. – Era impressão minha ou ele até parecia abatido?
– Porque é que estás assim? É arrependimento de teres feito isto, Jonas? – Falei com desprezo. – Agora serve de muito, não é?
– Tu nem moral tens para falar. – A voz dele refletia… fraqueza. Mas o que é que se anda a passar aqui? – Não estás minimamente preocupada se ele vive ou não. Nem respiração boca-a-boca lhe tencionas fazer.
– Eu não tenho que a fazer. Se ele vive ou não, não é responsabilidade minha. Nada tenho a ver com isto. – Mantive uma voz firme, já não era a primeira nem a segunda vez que tinha que explicar a alguém este tipo de situação. – Tu é que provocaste isto e eu é que tenho que arranjar as coisas.
Ele calou-se.
– É assim, eu não sei o que se está a passar aqui, nem quero saber, mas não me metam nisso. A miúda disse que um rapaz mau não a deixava falar comigo. – Fiz uma pausa nos pequenos estalos que estava a dar ao Nick, ele começava a ficar com a cara ligeiramente vermelha. – Eu sei que tu és esse rapaz. Se estás tão arrependido e ela o estava a ajudar, porque é que a estavas a impedir?
– Não tenho que te dar explicações. – A presença dele desvaneceu-se.
– É, e eu tenho que te aturar… – Suspirei.
Assim que ele se foi embora o Nick começou a tossir e a cuspir água. Ajudei-o a endireitar-se e bati-lhe levemente nas costas até estabilizar.
– Meg? – Perguntou ele, enquanto ainda tossia, surpreendido. – Eu vi… eu vi-a… Como é que eu a vi? Como, Meg? – O rapaz estava confuso, nem estava a dizer coisas com sentido.
Eu não disse nada. Não ia corroborar a sua insanidade. Já bastava ter sido eu a encontra-lo.
Ajudei-o a levantar e meti-lhe o braço por cima dos meus ombros para o ajudar a caminhar. Ele era bastante pesado e eu estava feliz por não ter que o arrastar ou coisa parecida. Quase que era mais fácil metê-lo outra vez no mar e esperar que ele fosse dar à parte da praia onde estavam todos.
– Obrigada… Obrigada por teres ajudado o Nicholas. – A voz da miúda sussurrou-me ao ouvido. Encenei um sorriso que transmitia um “Já estou habituada, deixa lá.” e ela desapareceu logo de seguida.
Caminhamos lentamente pela praia até chegarmos finalmente perto do bar onde o Nick trabalhava. Ajudei-o a sentar-se nos degraus e chamei pelo Doug. Ele estava uns 50m mais à frente e assim que me ouviu começou a correr na nossa direção. Tal como não sei quantas outras pessoas.
– Meg… Obrigado. – Disse o Nick. Ele estava a ser sincero, gostei disso.
– De nada. Vê lá se tens mais cuidado.
– Eu não percebo… Como é que eu a vi…? – Ele ficou com um olhar distante, perdido nos seus próprios pensamentos.
Entretanto o Doug chegou e foi logo ter com o Nick. Abraçou-o e quase o deitou ao chão.
– Nickzão! ‘Tás bem mano! Ainda bem! Aqui o Doug estava a ver que tinhas patinado! – Depois virou-se para mim. – Meg! Obrigado por o teres encontrado! A sério! O Doug fica a dever-te uma! – E pegou-me ao colo.
– Deixa lá Doug... – Disse, tentando fazer com que ele me metesse no chão outra vez. – Toma bem conta do teu animal de estimação, tenho que me ir embora. – Comecei a afastar-me. – Adeus Doug.
Quando cheguei ao SUV disse mentalmente para mim mesma:
– Nota: não salvar mais pessoas.

AHAHAHAHA, odeio a Meg e a sua indiferença! -.- Grrrr, miuda estupida xD podia-lhe ter feito respiração boca a boca 444
Eish, o Doug *-* Adoro-ooo.
E esse espirito, fracooooooooote ! ahah
Continua :3

Really nice, really nice :3... Meg é como é mas acabou por salvar alguém.. biba ela xD

Agora continua Rita, o Jhonas é deveras interessante ^^

Confesso que adoro a Meg, adoro gajas "I don't give a crap about you" mas na dose certa. xD

Okay, teorias da Tixa: A pita que apareceu era irmã do Nicholas/Nick e ele como estava mais para lá do que para cá viu-a a maninha. o Jonas... Dá-me a sensanção que ele já conhecia a Meg ou o Nick e anda às procura de vingaça.

Keep it up partner! ^^

Meg é sem duvida uma personagem bastante interessante, a personalidade forte e ao mesmo tempo desinteressada dela, agrada-me imenso ahah Gostei do chapter, keep with the good work ^^

Mary: Oh, o que tu queres sei eu xD É nada fracote :3

Tsu: verdade, mas não foi bem pq quis xD jonas rocks (y) Obrigada! :3

Tixa: Estás lá Tixa, é mais ou menos isso! Obrigada partner! :3

Kheyos: Obrigaaada! :3