Chapter 2 - Pesadelo

A criatura pegou-lhe na cabeça, afastou-lhe os cabelos e cravou as suas presas no pálido pescoço de Shaw. A rapariga não reagia, enquanto sentia a dor daquela mordida, só arregalava os olhos devido a dor.
- És tão.. deliciosa.. – Disse o vampiro com a boca repleta de sangue.

Mary continuava estupefacta com o que lhe tinha acontecido, o vampiro continuava a sua frente, pronto para cravar as suas presas por mais uma vez.
A criatura agarrou na cabeça da rapariga, outra vez, afastou os cabelos ensanguentados e cravou as suas presas, mais sangue bebia, mais viciado se tornava.
- És mesmo deliciosa, miúda - disse.
Quando, finalmente, parou de ser alimento para aquele vampiro, desmaiou.
Passado uns minutos, acordou, não percebia onde estava, sentia-se fraca. Quando teve tempo de se aperceber do local onde se encontrava começou a correr cambaleando em direcção a casa.
Sentia dores no pescoço devido aos dois buracos que aquela criatura lhe tinha feito.
“Porra, não posso ir para casa! Os meus pais passam-se” pensava Shaw, quase no fim da estrada assustadora.
Num fim da estrada encontrava-se uma casa abandonada, ela presumira que os próprios donos a tivessem abandonado devido aos assaltos que ocorriam por aquelas bandas. Ninguém lá entrava, também não estava à venda. Era perfeito para estar até se acalmar, e até que os pais fossem trabalhar. Entrariam nos seus empregos às da 12h, e o relógio marcava dez horas da manhã. Ainda faltava algum tempo. Por fora a casa tinha um aspecto velho, imundo, cinzento, podre..
A porta de madeira estava coberta de pó, como também as janelas. O soalho da parte de fora, estava podre porque Shaw ao subir os três degraus, ouvira ranger e também ao pisar partira e o seu pé afundara-se. O que lhe causou alguns arranhões no tornozelo.
Subiu as escadas com cuidado para não acontecer o que tinha acabado de acontecer, e espreitou na janela.
- Ahhhh! Estúpido - Gritou. Era apenas um gato preto que tinha saltado para o lado de dentro do parapeito da janela.
Depois tentou abrir a porta um pouco enferrujada, ao abrir esta, ouviu o ranger que fazia. Dobradiças sem óleo faziam aquele tipo de ruídos, era normal numa casa velha/abandonada.
Entrou, muitas das coisas estavam partidas, outras estavam só tombadas, e ainda outras estavam cobertíssimas de pó, o que era de esperar.
Foi à casa de banho, ver se a água funcionava, de certo modo caiam umas pingas, de água, certamente, amarela. Havia uma toalha, também um pouco suja, pegou nela, molhou-a até que as pingas cobrissem um pouco da toalha e limpou os dois buracos que tinha no pescoço.
“Shhhhh, dói”, pensava enquanto a limpava com cuidado, não eram os melhores métodos mas era o que havia naquele momento.
Procurou nos armários da casa de banho por compressas, ligaduras, algo assim, que tapasse aqueles horríveis buracos que lhe manchavam a sua pálida pele, e encontrou algo do género. Pegou nelas, já estavam um bocado velhas e meteu-as a volta do pescoço. Logo, ficaram manchadas no sítio onde tivera sido mordida, mas também era a única coisa que havia naquele monte de lixo.
Saiu da casa de banho e dirigiu-se à sala, onde tudo estava caído e partido, onde tudo estava coberto de pó, onde cheirava a mofo de tanto tempo estar fechado.
- Miaaaaaau.
- O que é que queres, gato estúpido? – Resmungou.
O gato foi ter com ela e começou a roçar-me como quem quer miminhos e festinhas, que precisa de carinho. Ela, mandou-lhe um pontapé e ouviu-se o gemido do gato pela casa toda.
- Estúpido! – Disse, irritada.
“Bem, os meus pais devem estar para sair de casa, e eu tenho mesmo de ir para lá” pensou saindo pela porta com as dobradiças enferrujadas, que outrora fizeram ruídos.
Estava outra vez naquela estrada assustadora, cinzenta, onde tivera sido mordida por aquela criatura deveras perigosa.
Começava a andar, seguindo a estrada até chegar a sua casa, até que sentiu qualquer coisa na sua cabeça. Talvez um bastão, talvez uma arma não sabia bem.
- Passa-me o teu dinheiro todo, miúda! – Disse uma voz vinda de trás.
- Mas eu não tenho! – Resmungou.
- Ou teremos de resolver isto doutra maneira, minha menina. – Declarou o homem tocando-lhe numa das pernas.
- Deixa-me! Não tenho dinheiro nenhum para ti, seu porco! – Gritou Shaw, tentando tirar a mão do homem da sua perna.
- Não podes ser assim, rapariguita. Vamos ter de ir por outro caminho – disse, encostando a arma com mais força à cabeça dela.
- Não tenho dinheiro nenhum! Deixa-me ir! – gritou.
- Não posso, iria ser apanhado – Reclamou.
- Eu não digo nada! – Gritou-lhe.
- Desculpa, mas não pode ser assim! Tenho de acabar contigo! – gritou, atirando contra a cabeça dela.
“AHHHHHHHHHHHHHHHHH” gritou sentindo a dor da bala.

*****

- Amor! Estás bem? Foi só um pesadelo – dizia Duarte aconchegando-a no seu colo.
- Hmm.. Sim estou bem. Que pesadelo.. – Sussurrava.
- O que foi? - Perguntou-lhe.
- Muitas coisas.. Até sonhei que nós não estávamos juntos, já viste? Sonhei que os V… Ai! Os vilões daquela estrada.. me matavam.
- Haha, esquece isso.. Foi só um pesadelo. Mas fiquei curioso – Disse, beijando-a.
- OH MEU DEUS! Tens de ir embora! Se os meus pais descobrem que dormiste cá, passam-se. – disse-lhe, empurrando-o e dando-lhe as roupas.
- Oh amor, tem calma. Ainda é cedo – declarou puxando-a para perto de si e beijando-a.
- Duarte.. Vá veste-te e vai embora. Depois falamos! – Exclamou, Shaw.
- Pronto, eu vou. – Afirmou, vestindo-se.
- Vá,vá!
- Depois ainda tens de me contar melhor o que aconteceu. – Disse-lhe saindo pela janela.
- Pois.. – disse-lhe, caminhando para a casa de banho que tinha no seu quarto – logo verás.

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