Chapter 11 – Boys aren’t just for sex, Tatia

Chapter 11 – Boys aren’t just for sex, Tatia

- Erik, para! – Dizia eu repetidamente por o Erik me estar a tentar fazer cocegas. – Estou deprimida.
- Queres, hum, sangue? – Ele riu-se. O sentido de humor dele estava em alta. – É tipo chocolate, só que não engorda, apenas te fortalece.
Estávamos na salinha do meu quarto, no sofá grande enquanto a empregada nos fazia um lanche. Tínhamos descoberto que o comer normal não nos fazia nada. Aquele tipo de comida dá aos humanos forças para viver, como se sabe, mas a nós, mortos vivos – credo – não nos dá nada, é indiferente. Mas devemos comer para não dar suspeitas. O que nos alimentava mesmo era sangue. Sendo que o sangue dos humanos é o mais forte entres eles e os animais. O sangue dos animais é como se fosse comida vegetariana e o dos humanos comida “normal”, tipo variada.
- Não, já devoramos há pouco, um monte de sangue. Como é que ele me pôde enganar com aquela mosquinha morta? – Baixei o olhar. Eu sei que não gostava realmente dele, do Miguel, mas vê-lo com aquela gaja que é tipo, a minha inimiga desde sempre é horrível, apesar de eu ser bem mais popular que ela.
- Ela até é gira. – Comentou o Erik com um sorriso trocista no rosto. Semicerrei os olhos.
- Poupa-me. Se não tivesses aparecido lá porque a Bianca te ligou eu tinha-lhe dado um murro no focinho. – Voltei a pegar no verniz azul para pintar as unhas dos pés. Estava com uma perna dobrada e com a outra estendida.
- Ela não merece tanto esforço, Tatia. – Ele reparou em mim a abrir o frasco. – Não abras isso outra vez. – Ordenou virando a cara.
- Tenho de acabar de pintar! Não vou andar com um pé pintado e o outro não. – Comentei abrindo o frasco mesmo à frente da cara dele.
- Isso cheira mal. – Revirou os olhos e tentou tirar-me o frasco. – Dá-me isso.
- N-Ã-O. – Soletrei letra a letra olhando-o nos olhos.
- Olha que me vou embora. – Avisou quase levantando-se.
- Não, não, não. – Fechei o frasco rapidamente e pu-lo na mesinha. Levei as mãos ao ar em sinal de rendição. – Não me deixes sozinha. Preciso de ti. – Ele ao ouvir isto sorriu convencido.
Ele mudou de assunto.
- Não acredito que usas estas coisas pirosas. – Pegou no meu caderno cor-de-rosa. Abriu-o.
Apenas lhe revirei os olhos.
- Que é isto? – Começou a citar: - Alex: Introdução, conclusão … Teimoso. – Olhou para mim. – E um numero de telemóvel –
Interrompi-o. – É o gajo novo. Quer que eu lhe ligue para começarmos o trabalho de Paris. – Suspirei e deitei-me no espaço vazio do sofá em cima de várias almofadas. – Ele dá-me arrepios, muitos.
- Ui, ainda não curtiste com ele? – Erik fez cara de espantado como se já me conhecesse há bastante.
- Não. – Olhei para ele. – Mas ele não é mau de todo. Apesar dos calafrios que me dá, e de outros certos aspetos nele que me incomodam, ele é bastante misterioso e sexy. – Mexi sugestivamente as sobrancelhas. E depois desmanchei-me a rir. – Há algo de errado com ele.
- Tipo?
- Não sei, mas eu hei-de descobrir.
Ele não me respondeu e olhou para o seu relógio de pulso, suspirando. Vi que ele estava incomodado com algo.
- Que se passa? – Perguntei olhando para ele.
- A Rita vai lá agora. Vou acabar com ela. – Levou as mãos à nuca e suspirou profundamente.
- Lamento. – Não sabia mais o que dizer, mas depois lembrei-me. – Não precisas de o fazer, só tens de saber controlar-te e assim.
- Não dá, eu não resisto, viste bem como foi contigo no sábado, ias devorando o pescoço ao rapaz. – Bateu com as mãos nas suas pernas e levantou-se. – Vou ter de ir. – Aproximou-se de mim e deu-me um beijo na testa. – Depois dou notícias.
- Olha, achas que o homem vai voltar a nossa procura? – Perguntei rapidamente quando o vi a sair da porta. Ele voltou para trás.
- Não sei, mas tu serás a primeira coisa que ele quererá, por seres especial. Eu não vou deixar que ele te leve. – Fez um sorriso de despedida.
Sorri-lhe e ele saiu.
Acho que tinha acabado de descobrir o outro uso que os rapazes podem ter, refiro-me à amizade. Tê-lo comigo era como ter um irmão que me protegia quando me ameaçavam. Sorri e agarrei-me à almofada. E quando o fazia olhei para o meu caderno. Revirei os olhos. Será que tinha de ligar ao Alex? Não, não e não.

Já estava na escola quando vi Alex entrar no polivalente. Eu estava sentada numa mesa que estava protegida do sol, à espera da Bianca quando o vi. Ele tinha calçado botas de cabedal preto, tinha vestido umas calças cinzentas bem escuras e uma camisola preta um pouco justa demais. Usava o cabelo como ontem e tinha os óculos de sol. Pus a hipótese de ele ser vampiro, mas não, não podia. Era apenas mais um que se achava bad boy , o que me deixava ainda mais derretida. Ele parecia procurar alguém. Até que desviou o olhar para mim e em algumas passadas já estava ao pé de mim. Fingi que não tinha visto.
- Não ligaste. – Disse sem demonstrar alguma emoção. Ergui o olhar para ele.
- Não pude. – Voltei a desviar o olhar.
Ele sentou-se à minha frente virando as costas da cadeira para frente, meteu cada perna num dos lados e meteu as mãos na mesa.
Ok, eu achava mesmo que havia algo de errado com ele por isso decidi usar as minhas técnicas para lhe sacar alguma informação.
- Então, porque é que vieste para esta escola? Que aconteceu na tua? – Fiz perguntas ao acaso olhando para ele, nem uma vez tirou os óculos. Ele fez um sorriso ligeiro.
- Mudança de casa.
- Hum, os outros são teus irmãos? – Ergui o meu olhar lentamente para ele.
- Sim.
Silêncio.
- Ouvi dizer que és a popular daqui. – Olhou em volta.
- Talvez. – Já que ele me queria manter no escuro, eu também decidi jogar esse joguinho com ele.
- Talvez? – Fez um sorriso matreiro e tirou os óculos. Olhou-me intensamente, o que me fez ficar à nora. Eu arriscava dizer que os olhos dele eram pretos, cheios de escuridão, mas se se observasse atentamente podia-se ver que tinha pequenos traços de verde e algum castanho. Espantoso.
- Tenho de ir. – Ele levantou-se arrumando a cadeira e virou-se.
- Espera! – Chamei-o.
Ele virou-se.
- O trabalho, quando?
- Hoje, cinco da tarde, na biblioteca da escola. – Disse, e sorriu sem mostrar os dentes e voltou-se para mim indo-se embora.
Ai ai, Tatia.

***

Era altura da aula de Português, entrei na sala depois de ter ligado ao Erik e de ele me ter dito que acabara com a pobre coitada. Ele parecia estar de rastos, mais tarde iria ter com ele. Estive também com a Bianca que estava mais feliz que nunca por estar com o Nuno.
Entrei na sala, nesta aula costumava ter de me sentar ao lado da Joana. Revirei os olhos, é que nem pensar. Olhei para ela e para o Alex. JUNTOS? SENTADOS NA MESMA MESA? Não pode ser. E depois sou eu que se atira a tudo o que mexe. Sentei-me na minha mesa antiga e mandei as coisas com brutalidade – mais do que devia mostrar – para cima da mesa.
Eles os dois olharam logo e ela tinha um sorriso malicioso estampado naquela cara feiosa. Ok, não era, mas passava a ser. E escrevinhou algo num papel que me atirou. Apanhei-o e abri:
Olá, ex-melhor amiga! E que tal este bonzão ao meu lado? Desafio-te. Estou com alguns pontos de avanço, não és tu que queres ser sempre a melhor? Kiss.

Olhei para ela. Se ela queria guerra, iria tê-la. Ela não ia ficar com mais este depois de tudo o que me fez.
Semicerrei os olhos e disse sem pronunciar som “ele vai ser meu, sua cabra”. Creio que percebeu pois começou a rir-se. Ele parecia bem interessado nela. Credo.
A stôra alertou-me da conversa e continuou com a sua belíssima aula.