Chapter 14 - A new Family

Chapter 14 – A new family

- Voltámos a ver-nos. – Sorria um homem de olhos azuis para mim. Aparentava ter uns quarenta anos há vontadinha.
Ergui o sobrolho. – Nunca o vi na minha vida.
Ele riu-se. – Já me viste, tu é que não te lembras. – Virou-se para a rapariga a quem o outro rapaz, Alex, chamara Marina. – Mas como raio pode ela ter amnésia?
Eu tenho amnésia? Não me lembro de nada. Estou totalmente no escuro e isso deixa-me com medo e deixa-me insegura. Quem são eles? E o que querem de mim? Será que tenho família? Será que são eles a minha família? Não, ele disse que nos tínhamos voltado a encontrar. Se calhar é meu tio e eles são meus primos, hum, possivelmente é isto mesmo. Mas tenho pais? Estou tão confusa. E quem é aquele rapaz ruivo que ainda está desmaiado no sofá? Tantas perguntas e nenhuma resposta.
- Provavelmente é uma amnésia temporária. Também não bateu com os cornos assim tão fortemente. – A rapariga que estava a falar encolheu os ombros.
O homem fez um gesto para ela se calar.
- Não te lembras de nada?
Puxei pela cabeça para ver se me lembrava de algo, mas nada, todas as gavetas na minha memória estavam seladas, bem seladas.
- Eu não. Sabe quem eu sou? – Perguntei.
- Tatia Bladinova, uma rapariga búlgara. Os teus pais foram assassinados quando tinhas dez anos, sou teu tio, o único, e tenho a tua guarda. Aqueles os dois, o Alex e a Marina, são teus primos. O rapaz que está no sofá é o teu namorado. – Ok, muita informação para processar. Tentei digerir tudo aquilo.
- Se ele é meu namorado, o que está a fazer deitado no sofá a parecer um morto? Como é que ele se chama? E porque é que eu não me lembro de nada? E porque é que vocês são tão pálidos?
Ele riu-se. – Querida, ele vai acordar em breve. Também esteve no acidente. Chama-se Erik e às vezes mente, sem pensar. Tu estás com amnésia, daqui a algum tempo irás lembrar-te de quem és. – Ele disse isto um pouco irritado. – Nós somos pálidos porque somos diferentes. – Sorriu com os dentes todos. – Tu és diferente.
- Diferente?
- Sim, somos de uma outra espécie.
- Tipo?
- Vampiros. – Suspirou olhando para mim.
Ergui as sobrancelhas e desatei a rir.
- Queres provas? – Ele estava inexpressivo, fiquei boquiaberta.
Ele dirigiu-se a uma mesa e pegou num pacote que continha algo vermelho. Era aquilo um pacote de sangue do hospital? Mas o que fazia ali? Continuei a observar. Ele trouxe-o até mim e rasgou-o metendo-o à frente da minha cara. Comecei por observar aquilo. Porque raio estaria ele a meter-me aquilo a frente da minha cara? Ergui o sobrolho.
- Então? – Perguntei. Mas depois o cheiro do sangue invadiu o meu nariz e senti os meus dentes a aumentar. Mas que palhaçada era aquela?
- Os teus olhos são radiantes. – Comentou ele. Eu estava a observar fixamente o pacote. Tirei-lho das mãos e bebi tudo sem deixar uma gota. Depois ergui o olhar. Como é que aquilo era sangue? E porque é que era vampira? Tipo, vampira? Isso não existe, como é que eu bebi sangue? COMO?
- Porque é que bebi isso…? – Perguntei.
A rapariga respondeu. – Filha, és vampira há uma semana! Hoje segui-te, bateste com os cornos no volante e ficaste com amnésia. É normal que estejas a estranhar tudo. – Suspirou profundamente.
- Porque é que me seguiste se és minha prima? Não te dás bem comigo?
- BASTA! – Gritou o homem. – Tatia descansa. – Fez com que eu me deitasse. – Vamos sair todos.
- Mas vão-me deixar aqui sozinha?
Eles não responderam. Mas o que é que se passava? Porque é que eu era vampira? Como é que isso podia ser verdade?
Saíram todos. E foi nesse momento que o rapaz de cabelos ruivos, que parecia estar a sufocar, acordou e ergueu o tronco olhando para mim. Depois olhou à volta como a observar onde estava. Ele tinha cabelo ruivo, era um ruivo bastante bonito. Olhos verdes. E era atraente.
- Tatia! Que fazemos aqui? – Perguntou olhando preocupado para mim.
- Quem és tu? Eles disseram que eras meu namorado e que as vezes, mentes. Disseram que te chamas Erik. – Olhei para ele, intrigada.
- Tatia, ‘tás bem? – Ele uniu as sobrancelhas. – Eles quem? E eu não sou teu namorado.
- Eles dizem que tenho amnésia. O meu tio e os meus primos. – Continuei séria. – Não és meu namorado? Estás a mentir?
- Tio, primos? Tu não tens cá ninguém além dos teus pais! Não te estou a mentir.
Abanei a cabeça negativamente. – Os meus pais foram assassinados, de que estás a falar?! Ele tem a minha guarda.
- Os teus pais não estão mortos, Tatia! Oh meu deus, tu precisas de sair daqui, mas nem eu sei onde estamos. – Ele levantou-se e dirigiu-se à janela. – Deve ser de tarde provavelmente. Isto parece ser… Choupalinho! Mas o que é que estamos a fazer aqui?! Quem eram eles?
- Não sei se devo confiar em ti. – Disse-lhe, agarrando os joelhos com as mãos.
- Tatia, diz-me como eles eram?
Devia confiar nele? Pelo menos ele parecia confiar em mim… Parecia preocupado comigo. Que devia eu fazer? Algo me dizia que ele era tipo, dos bons e que podia confiar, por isso foi o que fiz.
- Então era um homem com cabelo preto e olhos azuis –
- Cabelo preto e olhos azuis? E aparentava ser homem jovem? Tipo, quarentas?
- Sim.
- Oh Tatia, temos de sair daqui. – Correu para a porta e tentou abri-la mas não dava. Estávamos trancados.
- Porque é que o meu tio nos trancou aqui? – Senti-me irritada. Olhei para a porta e em segundos estava a frente dela. Assustei-me. E depois sorri e comecei a rir.
- Ohh, que é isto? Tenho poderes? Fantástico. – Ergui os braços e dei pulinhos.
Olhei para o rapaz, o Erik, e ele olhava-me como um burro a olhar para um palácio. Suspirou e levou a mão a testa, batendo nela.
Revirei os olhos e tentei abrir a porta novamente, mas desta vez fácil pois destrancaram-na e abriram-na de rompante. Olhei para o meu primo, ele tinha cabelo negro volumoso com a franja em pé ligeiramente inclinada para a direita, os seus olhos eram pretos, castanhos e verdes, tudo misturado. Uau. E tinha um bom corpo.
- Tatia, tu curtiste com esse no centro comercial. – Disse Erik sentado no sofá.
- Eu curti com o meu primo? – Olhei para o Alex boquiaberta.
- Ele não é teu primo! – Resmungou.
- Sou primo dela e nunca iria curtir com uma prima. – Fez uma careta.
- Eles disseram que mentes muito. – Lembrei a mim e a ele. – Sem pensar. Eu compreendo. – Compreendia? Não compreendia nada!
- Tatia! – Repreendeu-me.
- Rapaz, tu estás livre, só empatas aqui. – Disse Alex agarrando-o pelo pescoço. Erik não conseguia respirar.
- Pois, e mentes muito. Quero acabar tudo! – Exclamei de mãos nas ancas.
Ele apenas revirou os olhos e Alex mandou-o ao chão. Ele ajeitou-se e sussurrou-me ao ouvido:
- Eu vou inventar uma desculpa para os teus pais e depois venho buscar-te. – E depois foi empurrado pelo Alex para a saída.
Eu tinha pais ou não tinha? Agora não sabia em quem confiar. Nem perguntas sei mais quais fazer! Sinto-me irritada e vulnerável. Aquele Erik… Não me consigo lembrar!
- Volto já, priminha. – Sorriu e continuou a empurrar o rapaz. Sorri também e sentei-me no sofá.
- Ok Tatia, não tens pais, eles são teus primos, aquele homem é teu tio, tu vives aqui provavelmente, és vampira… - Fiz uma pausa. – Como? Não me lembro! – Com um pé pontapeei a mesa que estava ao lado do sofá e esta tombou, derrubando todas as jarras que se encontravam nela e partindo-as. – É tudo o que sei por agora. Não me lembro de mais nada. Quero lembrar-me, mas quando tento não há nada aqui, nada de nada, só escuridão infinita.
Eles tratam-me bem até. Talvez seja tudo verdade. É, começo acreditar que sim. Será que vou à escola? Será que tenho amigos? Olhei para a minha roupa. É esta a roupa que eu costumo usar? Agrada-me. A cabeça doía-me muito, tinha de descansar e parar de me pressionar com lembranças.
Aninhei-me no sofá e fiquei a pensar no que fazer a seguir.