Chapter 17 - And you've got all the answers

- Repete lá isso! – Ordenei lançando-lhe um olhar de desagrado.
- Sim, foi isso mesmo que ouviste… - Ele sentou-se no fundo da minha cama de cobertores pretos.
Eu agora sentia-me confusa. Esconder-me do Alto Conselho? Porque? Não são eles os bons? Porque raio me queriam?
- Mas porque é que foi um foragido a tentar levar-me ao Alto Conselho? – Perguntei. Era uma ideia completamente insana.
- Se eles se querem livrar de ordens e obter liberdade, tem uma ultima ordem… - Fez uma pausa e olhou para mim – caçar um vampiro poderoso, com outros poderes além do vampirismo.
- Mas o Alto Conselho não é dos bons? – Já nada fazia sentido.
- A maior parte sim. – Ele apoiou os cotovelos nas pernas e a cabeça nas mãos.
- Não percebo.
- Tudo na vida tem um lado negro. O tempo tem a chuva e os trovões por exemplo, como o seu lado negro, apesar de muita gente gostar, percebes? No Alto Conselho as coisas são tal e qual, apesar de um pouco mais obscuras. – Levantou-se e aproximou-se da janela onde eu estava. – Alguns deles fazem negócios por trás. Por isso é que temos de te proteger… esconder.
A palavra proteger foi como uma pedra na minha cabeça, onde apareceu um rapaz, mas o mal todo é que não lhe via o rosto…
- Já tenho alguém que faz isso por mim… - Disse algo incerta do que dizia.
- Não, não tens.
- E se o lado negro do Alto Conselho me apanha? – Mudei de assunto.
- Vais ser um brinquedo.
- E o lado bom?
- Permite-te ficar aqui. – Ele esboçou um pequeno sorriso indecifrável.
Examinei as duas opções.
- Porque é que eu iria ser um brinquedo? – Humedeci os lábios olhando para ele.
- Eles iriam querer tirar-te o sangue, transformar humanos com o teu sangue e ver se a tua linhagem persistia para todo o sempre. Tive uma namorada que foi apanhada pelo Lado Negro do Alto Conselho. Ainda lá reside hoje em dia… - Contou como quem não se importava nadinha. – Estávamos –
- Espera. Onde reside o Alto Conselho?
- Texas. – Olhou para mim de forma curiosa.
- E aquele foragido veio de lá até cá só para me apanhar? Não faz sentido.
- Quando eles querem liberdade, fazem tudo por isso.
- Mas não haveria alguém mais perto dele com poderes? – Concentrei-me na voz dele.
- Sim, talvez. Vampiros com capacidade de alterar mentes, vampiros guerreiros, mas vampiros com supervelocidade não. És a primeira.
- Mas espera… Se eles querem persistir, continuar com as linhagens, porque não criar um ser perfeito com isso tudo?
- Estão há espera que apareçam mais poderes. Apesar de criarem vamps com o sangue que tiram dos especiais.
- Mas espera… Como é que o Lado Bom não sabe do Lado Negro? – Saltei do parapeito.
- Pior é que sabe, mas nada pode fazer. Estão em constante “luta” desde há muito tempo. É difícil de perceber. – Suspirou. – Tudo começou com os que deram vida aos vampiros. Como eu disse há aqueles que odeiam regras. Seguir regras não é para muitos. Desde ai que andam nisto. Estamos equilibrados, por enquanto.
- Ou seja, o Alto Conselho é bom e mau, tem foragidos e vamps bons e quer-me para eu me apresentar, mas para o Lado Negro me raptar e eu ficar lá tipo brinquedo para sempre... – Olhei pensativa.
- Exato.
- Mas para que é que eles querem isto tudo? – Perguntei mandando-me para cima da cama.
- Guerra contra os humanos.
Ergui o sobrolho. – Porquê?
- Os humanos não gostam de nós, querem-nos matar, não chega?
- Porque raio eu não acredito nisso? – Ergui a cabeça. – Não faz sentido.
Ele revirou os olhos e encostou-se novamente ao parapeito e olhou para fora. Depois para mim. – Tatia, eu não tenho sido hones…
- ALEEEEEEX. – Virei-me para a voz que vinha da porta. Pois. – QUE PENSAS QUE ESTÁS A FAZER? – Gritava irritada.
- Miúda, isto é uma conversa a dois, não entras. – Disse-lhe revirando os olhos e afundando-me na cama.
Ela fez um sorriso triste. – Pensei que podíamos fazer uma menage à trois. – E depois riu-se.
Eu virei a cara para ela e olhei-a dizendo apenas pela expressão “a sério?”.
Ela acenou com a cabeça.
- Alex anda. – Mostrou-lhe um sorriso malicioso e chamou-o com o dedo para a cama na minha direção. Ele ficou parado. Ela veio na minha direção e deitou-se ao meu lado.
- Que merda…? – Olhei para ela, estava a aproximar-se da minha cara. Oh oh.
Empurrei-a e ela caiu da cama. Com supervelocidade fugi pelos grandes corredores da casa. Já tinha devorado dez pacotes de sangue. Sai para fora da casa e fui para trás da mesma. Havia um barracão e de lá saiam alguns ruídos estranhos.
Uni as sobrancelhas e meti as mãos nas ancas. Mas que raio…
Caminhei pelas ervas altas até lá. Barracão abandonado, com tinta a descair, portas de madeira podre… Os barulhos vinham de correntes e de pessoas que pareciam bastante magoadas! Empurrei a porta podre… Entrei de mansinho tentando não fazer barulho algum. Sempre atenta a possíveis ataques. Era um grande barracão e tinha sido dividido por celas, em que as grades eram apenas até meio. Caminhei…
Era impossível descrever o estado daquelas pessoas, aposto que eram vampiros, só podia. Havia uma rapariga com um olhar apagado presa com correntes, nos pés e nas mãos. As correntes pareciam bastante fortes. Os seus cabelos pretos estavam oleosos e desidratados. A sua pela suja. A sua roupa eram apenas uns calções rasgados juntamente com uma camisola branca rasgada onde se via o soutien. Ela olhava para mim, mas não realmente para mim. Era como se não visse ninguém. O que a sustinha por baixo era palha. Ela tentou soltar-se das correntes mas estava fraca. Até me assustei com o grito de agonia e de frustração. Arrepiei-me e continuei a avançar. Vários vampiros estavam na mesma situação, uns mais fracos que outros.
Até que cheguei aos últimos.
Fiz uma cara de espanto. Não podia ser. Ele estava tão maltratado que até a mim me doía.
- Sei de tudo. E não me vais conseguir levar-me para lado nenhum. – Olhei para ele com um sorriso malicioso estampado no rosto.
Ele ergueu a cabeça e soltou uma gargalhada seca. – Ele pode ter soltado toda a raiva em mim, posso estar neste estado, mas em breve eu sairei daqui... Contigo!
Encostei-ma a sela e ri-me. – Tenta só. – Fiz uma cara sonhadora.
Ele tentou soltar-se e grunhiu. Eu assustei-me e afastei-me.
- Tatia…. – Ouvi um fraco sussurro, atrás de mim.