Arquivo 1 - Mugen (parte 1/2)

Luz? Simples luxo...
Cores? Um capricho humano...
Enquanto
Eu
viver
Apenas
Haverá
Ao meu redor
Escuridão...

Ele ouviu passos e rapidamente cobriu as orelhas com as mãos e pressionou tanto que pensou ser capaz de quebrar o próprio crânio.
Seus cabelos estavam secos e como sempre caiam sobre sua face em alguns fios... O som dos passos ecoava em sua mente... E perturbavam-no.
Estava sentado sobre uma cama de solteiro no meio do nada, suas mãos pressionavam a cabeça que em impulsos doía com uma violência bestial...
Os passos se aproximavam, o medo entranhava-se aos poucos e arrepiava os pelos de seu braço, “Está vindo...” Ele pensou ao tirar as mãos da cabeça, os sons dos passos pararam, o homem olhou para os lados e só enxergou a escuridão, realmente, ele estava no meio do nada e envolto por trevas...
- Quem está ai?! – ele gritou com certo tom de pânico em sua voz. – Emilly?!
Sua voz ecoou por repetidas vezes até transformar-se em um simples sussurro distante.
- enfim... – Uma voz feminina projetou-se na escuridão sibilando como um espírito errante. – Estive o procurando por um longo tempo, Hendrick. – Ela gargalhou discretamente como se estivesse sussurrando.
- Emilly!? – Ele repetiu levantando-se rapidamente da cama.
- Alice? Que rude de sua parte, Hendrick... – Ele Ouviu novamente passos, desta vez mais lentos. – Eu que sempre estive atrás de você... Confundida com sua esposa? Que rude... Oh! Perdão! Esqueci que sua esposa foi assassinada, então corrigindo, “ex-esposa” – Os passos pararam. - Não reconhece minha voz?
Hendrick fechou o punho e segurou-se para não explodir de raiva.
- Pamela... – Ele acalmou-se. – Eu deveria saber... Depois de tanto tempo... Não pense que só porque me achou vai conseguir me levar assim tão facilmente. – Ele sorriu.
- Mas é claro. – Um pequeno estalo ecoou na escuridão. – Não pense que eu vim despreparada.
Hendrick não se movia, tudo ali era tenso, o ar em volta era uma simples massa de perigo e ameaça.
- Esta noite, Hendrick Roial, você será morto. – A mulher disse e, segundos depois, o homem sentiu um aro gelado em sua testa, parecia metal, ele logo percebeu, estava na mira de uma pistola... – Acendam!
As luzes vieram, o homem ainda com os olhos fechados gesticulou a cabeça para os lados.
- Ah, eu me esqueci, você é cego! – A mulher que se mostrou ser loira deu uma gargalhada. – Você já os tinha percebido, não faça essa cara de espanto.
- Amanda... – Hendrick ficou sério. – Eu já disse uma vez há muito tempo atrás e vou dizer novamente, eu não vou com você... E outra coisa, eu não me chamo mais Hendrick... Meu nome agora... É Mugen!
BANG!

- Alô? ... Ah sim! Eu sei! Mas já estou chegando! – Ela falava no celular enquanto andava.
A rua estava silenciosa, vazia e sombria... A única coisa que se podia ouvir era o soar do vento batendo nas folhas do bosque que havia ao lado daquela calçada, realmente, na escuridão noturna não havia nada mais aterrorizando que aquele bosque. A mulher andava à passos largos, apressada.
- Sim sim, mas não é preciso fala tudo para ele! Apenas parte disso!.. – Ela falava distraída.
O vento novamente soprou, as folhas farfalharam, e arvores chiaram... E risos ecoaram.
Aquilo era estranho, a mulher parou imediatamente e afastou o celular do ouvido... Olhou para trás e nada viu, apenas sua imaginação? Talvez...
Ignorou e voltou a andar pondo novamente o celular na lateral da face colado ao ouvido.
- Eu entendo, não, não pense que isso!... Ah, não foi nada... – Ela falava.
Mesmo agora, algo havia mudado, ela já não andava distraída, olhava vez ou outra para os lados e para trás, ela pressentia o pior.
Aquela extensa calçada seria um breu completo se não fossem pelos postes que a iluminavam, claro, não totalmente, o fato é que a luz dos postes só serviam para transformar aquele local em algo ainda mais horripilante.
- ... Richard, não precisa se preocupar comigo... – Ela disse e olhou para trás.
Não havia nada lá.
- Certo certo, então me encontre em minha casa... Isso... Tchau. – Ela desligou o celular... E olhou para trás... Suas pernas tremeram...
Uma silhueta sem face, anônima, misteriosa, vigilante. O poste a alguns muitos metros dali iluminavam alguém, um homem? Ela não conseguiu distinguir, ele estava parado, as sombras cobriam sua face, ele a observava.
Ela acelerou o passo, o homem começou a andar, ele vinha devagar, mas parecia que seus passos eram mais eficazes do que todo o esforço dela, pois quanto mais ela corria, mais aquele homem se aproximava, ela virou-se para frente, lágrimas já se projetavam e com toda a sua força, ela correu, fechou os olhos para não ver o seu perseguidor, estava vestida de blazer e saia, acabara de sair do escritório, não conseguia correr assim tão rápido, mas era impossível que aquele homem conseguisse alcançar-la apenas andando,
Tum!
Ela esbarrou em algo, alguém, dedos fecharam-se sobre seus ombros, ela abriu os olhos e para seu desespero, percebeu que fora capturada.
Dois homens a tinham agarrado, o primeiro era magro e alto, o segundo porém tinha mais massa muscular, ambos vestiam ternos, o magro tinha barba ralha e o robusto estava sem barba, eles sorriam e olhavam-na com malícia.
- Depois de tanto tempo observando-a, finalmente, George! – O mais magro disse passando a mão na face da mulher.
- Não se apresse, Thom, vamos ter muito tempo para brincar com ela, vamos entrar no bosque, a essa hora ninguém vai nos incomodar lá. – George falou enquanto prendia os braços da mulher, ela se debatia como um cão bravo, não podia deixar que a peguem tão facilmente.
- Seus idiotas! Me soltem! Soltem! - Ela disse exasperada.
Por um segundo, ela olhou por onde vinha novamente, ele estava distante, mas ela ainda podia ver o homem que a perseguia, ele continuava caminhando, calmo, indiferente, cego...
Os homens seguraram a mulher que se debatia ambos com as duas mãos, eram fortes demais para ela, sem nem mesmo dar chance para ela resistir ambos a arrastaram para dentro do bosque.
- ME SOLTEM! SOLTEM-ME! POR FAVOR! – Sua raiva foi substituída pelo desespero, seus gritos eram altos e histéricos.
George irritou-se e com a mão aberta deu um golpe na face da mulher.
- Cala-a-boca! - Ele disse após o ato. – Eu não queria usar isso, mas você ta merecendo! – Ele disse irritado puxando um pequeno equipamento negro do bolso do casaco. Lançou um olhar maligno para a mulher e encostou a extremidade do equipamento na vitima no mesmo instante em que Thom a soltou violentamente.
A eletricidade correu pelo corpo da mulher e a paralisou imediatamente, ela caiu imóvel no chão chorando em silencio.
Ambos os homens se ajoelharam ao redor e com calma alguma começaram a apalpar-lhe as partes intimas, ela abriu a boca e tentou gritar, mas afogou-se nas próprias lágrimas por nem sequer conseguiu expirar o ar para gritar.
O mais magro se adiantou e com força começou a tirar-lhe o blazer, por baixa ela usava uma blusa comum branca que seria facilmente rasgada, ela se esforçou ao máximo e com toda a sua força de vontade conseguiu dar um tapa em Thom, a força não foi demais, mas o bastante para fazer o magro homem cambalear para trás. George deu uma risada sonora e apoiou-se em uma arvore para não cair de rir.
- Sua vadia! – Ele recompôs-se e nela deu um estrondoso soco que lhe feriu a boca.
Ela descansou a cabeça no chão tonta, sentia que os homens novamente mexiam com as mãos nas suas partes intimas, mas estava tonta pelo golpe e não conseguia reagir, ela olhou para o lado, via as coisas em dobro, tudo estava girando... Uma silhueta? Alguém estava chegando, naquele bosque a escuridão tomava conta do espaço, porém, no instante em que aquela mulher viu alguém se aproximando a lua apareceu no céu e iluminou o corpo do homem que vinha.
Era o mesmo de antes, não muito alto, cabelos espetados, roupas azuis, calça branca... E uma faixa nos olhos, ele não estava longe, e se dirigia ao local calmamente, os assédios às mulher pararam quando thom disse assustado.
- Olhe George! Tem alguém vindo!
- Mas como?! Ninguém deveria estar aqui a esta hora!
O homem agora estava perto, segurava na mão direita um sobretudo marrom. Ele o jogou para frente com calma, e o sobretudo caiu sobre o corpo semi-despido da mulher paralisada no chão, apenas sua cabeça ficou descoberta.
-Vocês... São apenas vermes fracos. – Ele disse sem qualquer hesitação.
- Olha, Thom! Um mendigo cego quer nos dar lições de moral! – George gargalhou. – Vamos dar uma surra nesse vagabundo! – Ele que estava ajoelhado levantou-se e fechou os punhos na frente da face em uma posição de luta.
Thom fez o mesmo, mas dando passos para a direita, a fim de cercar o homem recém aparecido.
Quem primeiro atacou foi o mais magro, era visível que tinha treinamento em luta, pois flexionou o quadril quando desferiu o soco. Incrivelmente, o cego também tinha treinamento em luta, pois mesmo sem poder enxergar desviou do golpe abaixando-se e girando o corpo indo parar atrás de Thom, puxou uma pistola presa numa corrente atrás da cintura e sem pena alguma atirou na panturrilha do inimigo fazendo-o cair e gemer de dor no chão.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH! – Ele gritou desesperado.
- Thom! – George gritou ao parceiro. – Filho-da-puta! – Ele disse recuando um passo para trás. – Está armado... Desgraçado...
- Não seja por isso – O homem cego disse largando a arma ao seu lado. – Venha! – Ele descansou os braços e fechou os punhos em uma posição de batalha desconhecida por George.
O estuprador avançou com um soco lateral, o cego balançou o corpo para o lado e desviou do ataque com uma distancia milimétrica, outro soco foi dado por George e desta vez direto visando acertar a face do inimigo que novamente balançou o corpo, e desta vez fez um movimento mais completo, enquanto desviava tirava a luva negra, e antes mesmo que George pudesse prever os movimentos dele, pôs a mão recém liberta em sua face, um pouco acima dos olhos.
Neste momento, a mão do inimigo cego ficou azul tal como nitrogênio liquido e uma dor insuportável se espalhou por todos os músculos faciais de George quase os congelando, inclusive seus olhos que não conseguiram mais abrir, o homem caiu no chão com a mão na face gemendo e amaldiçoando quem o tinha feito aquilo.
- Maldito! Desgraçado! O que foi isso?! Aaaargh! – Ele falava furioso.
- Cale-se. – O cego disse calmamente.
- Calar é uma porra! Eu vou te estrangular seu maldito!
O vencedor da luta deu alguns passos para onde estava sua pistola e a apanhou.
- Eu disse para calar a boca. – Com uma lentidão apavorante ele apertou o gatinho e acertou um tiro na perna de George.
- AAAAARGH! – Ele gritou em agonia contorcendo-se com as dores, mas logo calou-se temendo outro tiro.
A mulher observava a tudo, ela já conseguia mover-se levemente, não com total liberdade, mas o bastante para sentar-se. Ela ainda chorava e soluçava, porém, o alivio de ser salva a tomava, porém...
- Q-Quem é você?! – Ela disse entre os soluções. – O que você fez com ele? – E apontou para George.
O homem ficou calado, como se estivesse prestando atenção aos mínimos detalhes do qe ela dizia.
- Sua ingratidão me comove. – Ele se aproximou dela, mas parou ao perceber sua reação amedrontada. – Eu não vou lhe fazer mal, apenas adormeça... – E sem aviso prévio, se aproximou e ergueu a mulher nos braços. Virou-se e começou a caminhar rumo ao fim do bosque.
Era já tarde, a mulher havia adormecido nos braços daquele estranho homem cego, a experiência que sofrera foi traumatizante demais, ninguém aguentaria.
La abriu os olhos, as poucas luzes dos postes a haviam acordado, estava em um banco publico, ela olhou para os lados, havia recobrado os movimentos e estava vestida com o sobretudo do seu salvador.
Ela o viu, estava a um ou dois metros, tinha as mãos nos bolsos e estava indo embora calmamente, como se fosse apenas um cidadão comum.
- Eeei! – Ela disse. – Quem é você?! Qual seu nome?
Ele não respondeu, ao invés, continuou a andar sem nem mesmo mudar a velocidade.
- Onde estou? – Novamente a mulher tentou. – Meu nome é Amanda, e o seu?
O homem hesitou, ele não mostrou reação alguma fora o fato de ter parado, sua voz ecoou:
- No fim desta rua há uma delegacia, vá ao encontro dos policiais e resolva seus problemas. – Disse sem qualquer gentileza. – E eu me chamo... – Ele fez uma pausa. – Mugen, o Dêmonio!

Ehhhhh, grande filler.
Passado 4 horas, acabei de o ler :3
quero ver mais sobre o Mugen.
continua

grande e belo filler loan... continua... ^^

Devia ser Mugen - O Cavaleiro das Sombras :3
Gostei! Ele é misterioso, contudo não é propriamente mau. Também gostei bastante daquilo que colocas-te mesmo no inicio, deu um ar sinistro que me prendeu completamente!
Quero ler mais desta tua nova história, continua! ^^